sábado, 25 de junho de 2011

Sempre foi você...


Queria conseguir te amar um pouco menos.
Ou talvez te odiar um pouco mais.
Queria conseguir te esquecer por um tempo.
Ou não poder viver sem você jamais.

Queria conseguir entender...
Aquilo que não tem explicação.
Queria só conseguir te ver...
Dizer que você tem meu coração.

Não que isso fosse mudar o mundo
Ou fazê-lo girar mais devagar.
Não que fosse o fim dessa história.
Ou o começo de outra qualquer.


Só espero que
O silêncio das palavras que eu não digo,
Seja ouvido,

mesmo tão distante que
O meu olhar que você não vê
Seja sentido,

como o abraço que eu não posso ter.

"Sempre foi você se apaixonando por mim. Agora há sempre tempo, chamando por mim. (Sempre foi você...)" Panic! At The Disco - Always

Créditos: Correção e revisão por @dan__ss. Obrigada por aguentar ler meus textos e deixá-los melhores =]



domingo, 1 de maio de 2011

O começo de uma história

Quase todas as histórias terminam quando acontece o felizes para sempre. A minha começa ai.
    Era uma vez, um reino que se localizava no centro do mais belo pôr-do-sol do mundo. Só se podia chegar lá com um coração bom, uma alma pura e um desejo verdadeiro. O nome desse reino era Reino das Intensões, porque lá não importava exatamente o que você fazia ou dizia, mas o que você queria demonstrar, dizer ou fazer sentir com suas palavras e ações.
    A beleza do reino estava na integridade de seus Reis e Rainhas e na dignidade do seu povo. Só que havia um problema... Uma mulher fui consumida pelos sentimentos obscuros que vez por outra tomam os corações humanos, ela se entregou a eles como se fossem uma fonte de vida e ela fugiu e se escondeu nas profundezas da Floresta das Matas Mais Verdes. Lá ela consagrou esses sentimentos como seus mestres e passou a ser a melhor das aprendizes.
    Num reino de intensões não era possível mascarar o que se pretendia, mas ela havia sido de tal maneira influênciada pela Mentira, a Ganância, a Arrogância, o Orgulho, o Preconceito e tantos outros sentimentos nocivos que aprendeu a esconder seu eu verdadeiro atrás de uma barreira.
    Ninguém suspeitava de nada, pois ninguém nunca havia conseguido mascarar intenções antes e mulher parecia dócil e meiga. Tão dócil e tão meiga que conquistou o príncipe do reino. Parecia uma história, daquelas que se conta para crianças. A camponesa servil conhece o príncipe gentil e eles se apaixonam com o primeiro olhar. O príncipe mostra ao Rei e a Rainha como está apaixonado e como o sentimento é verdadeiro e recíproco e depois de conhecer a Mulher do Sorriso Mais Belo de Todos, o veredito foi rápido: Podem casar.
    O rapaz apaixonado não perdeu tempo e logo começou com os preparativos, junto com sua noiva, a segunda mulher mais adorada de todo o reino. Casaram com menos de dois meses e parecia que o mundo inteiro tinha se emocionado com as juras sinceras de amor entre os pombinhos.
    A certeza de que tinham uma princesa e um príncipe perfeitos foi o que amenizou a tristeza de toda a população do Reino das Intensões quando o Rei e a Rainha faleceram por algum motivo desconhecido. O príncipe se apoiou em sua esposa companheira e mesmo com a tristeza foi forte para superar a morte dos pais. E quatro meses após o casamento de Nyree e Tyr, o casal estava assumindo o trono, como novos Rei e Rainha.
    A Rainha não era mais tão dócil e tão perfeita quanto no início, mas o Rei não se incomodou, pois logo descobriu que ela estava grávida. Grávida! Imagine! E como ele sabia que mulheres são todas um pouco confusas fingia não notar nada de estranho. E foi então que um tempo depois eu, Britannia, nasci.
    E foi então que as coisas começaram a mudar. Sem perceber aonde que tudo se tornou diferente, o povo assistiu embasbacado o seu Rei Perfeito se transformar no Rei Eternamente Triste e sua Rainha Perfeita se transformar na Rainha Fria Como Gelo. A princesinha? Bem... Ela crescia rodeada de sentimentos conflitantes, tentando se manter inteira enquanto os mestres de sua mãe lutavam para fazê-la se render.
    Ela cresceu e viu sei reino tombar aos poucos em desgraça. Então ela fugiu em busca do seu felizes para sempre, que seria quando conseguisse restaurar a paz do Reino que um dia fora o melhor de todos. Ela correu, sem príncipe encantado esperando-a do lado de fora, acompanhada apenas por seus pensamentos, sem fada madrinha abençoando-a até a meia-noite e sem vestido de gala para se sentir linda. Fugiu com seu senso de dever, com sua obrigação, com o propósito de sua vida. Se perdeu nas ruas desertas de uma solidão incerta, para se encontrar e reencontrar seu povo.
    Ela fugiu. Correu contra o tempo e começou sua jornada, buscando algo que pudesse fazê-la se sentir inteira.

"A ação contêm intenção e é a intenção o que define." Série Fever - Karen Marie Moning

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Brigadeiro com Queijo Ralado


HOJE
    E na confusão da mudança, encontrei uma caixa. Não era uma caixa qualquer, tinha um tamanho médio e por baixo dos dois dedos de poeira era muito colorida.
    Segurei-a no colo e passei a mão de leve, espanando sua tampa, já prevendo uma possível alergia.
Close your eyes and hear the song inside of you
Li essa frase escrita em preto, na minha letra mais caprichada. Sentia que se abrisse a caixa as lembranças poderiam simplesmente se esvair, por isso fui abrindo aos pouquinhos, vendo o cheiro do passado permeado o quarto que logo não seria mais meu.

10 ANOS ANTES
- Alice! O que você fez com o brigadeiro?
- Coloquei queijo ralado – falei segurando o riso ao ver sua expressão – É gostoso, Arthur. Confie em mim. – Sorri.
Enquanto ele fazia um senhor drama para provar a receita nova , corri para o som e coloquei um CD. Virei e andei até ele dançando ao ritmo de Runaway, do Bon Jovi.
    - Deveríamos fazer uma cápsula do tempo – ele disse.
    - Como é?
    - Uma cápsula do tempo, sabe? Daqui a alguns anos vamos poder lembrar de tudo que fizemos juntos, lembrar um do outro.
    - Como se eu pudesse te esquecer... – disse fazendo biquinho, me aninhando em seu colo enquanto pegava uma colher do brigadeiro.
    - É, eu sou inesquecível, mas você... – dei-lhe um tapa no braço ante que ele pudesse terminar a frase. Nós rimos e ele me olhou nos olhos – Amo você.
    Me ajeitei em seu colo e depois de comer mais um pouco disse:
    - Poderíamos colocar fotos, cartas, CDs, bilhetes de cinema... – olhei-o – Na cápsula do tempo.
    - Essa vai ser a primeira – Antes que eu pudesse entender o significado da frase ele puxou a câmera de cima da minha cama, sorriu e bateu uma foto.

HOJE
    Rolei a foto na minha mão... dava para ver o brigadeiro meio comido no chão do quarto, minha expressão era confusa e o sorriso dele, como sempre, encantador.
    Lembro que tentei impedir de todas as formas que aquela fosse a primeira foto... eu estava horrível! Frente ao meu pedido desesperado ele apenas riu e me fez assinar o nome junto do dele na parte de trás da fotografia.

7 ANOS ANTES
    - Preciso te dizer uma coisa – ele mexia nas mãos nervoso.
    - Deixa só eu terminar de enviar essa sms.
    - Mas é importante...
    - Um segundinho – falei sem desgrudar os olhos do celular.
    - HEY! QUERIA A ATENÇÃO DE TODOS VOCÊS. – Virei sem acreditar que ele tinha subido num banco, no meio do corredor do shopping, num sábado a tarde e o pior, TODO MUNDO estava prestando atenção nele!
    - Eu preciso de ajuda! Quero pedir minha melhor amiga em namoro e ela me pede para esperar. Alice – ele falou agora olhando para mim – eu espero desde a primeira vez que te vi. Estou apaixonado por você e não dá mais para esperar... Você quer namorar comigo?
    Eu ainda estava muda, com as bochechas corando e o coração a mil. Ele viu que eu estava estática e resolveu fazer uma brincadeira para descontrair. Ou pelo menos eu acredito que tenha sido uma brincadeira – Quer saber? Vou pedir logo de uma vez, porque acho que não tenho coragem de fazer algo assim de novo: quer casar comigo? – Ele desceu do banco e me olhou.
    - Claro que sim! – Minha voz saiu baixa e eu pulei em seus braços, mal ouvindo os “awn, que lindo!”, “que fofo”, “olha que romântico”...

HOJE
    Coloquei de lado a milésima cartinha da nossa correspondência boba e apaixonada. Meu coração batia descompassado, vendo aquela letra rabiscada.
    A caixa inteira tinha o cheiro dele.

5 ANOS ANTES
    Acenei para alguns colegas que passavam e sentei num banco qualquer da faculdade.
    Uns dez minutos depois olhei novamente o relógio cor-de-rosa, cheio de coisas brilhantes , cujo Arthur sempre fazia graça quando via. Já faziam 40 minutos desde que minha aula havia terminado e nada dele chegar...
    Atrasos acontecem de vez em quando, mas eu conseguia sentir que daquela vez era de alguma forma diferente. Estava com um aperto no coração e um frio desconfortável na barriga.
    Li novamente a mensagem que ele tinha me enviado: Amor, estou no supermercado. Vou pegar você ai, tenho uma surpresa =X Vamos no seu restaurante preferido e lá te conto. Te amo <3
    Tentei me convencer de ele tinha se atrasado nas compras, que a fila estava muito grande ou que ele tinha passado em casa logo para deixar as compras, que o celular tinha descarregado e o pneu do carro furou, QUALQUER COISA. Mesmo que algo em mim soubesse que não era verdade.
    Me perdi em pensamentos por mais alguns minutos, cantarolando uma música qualquer que veio na minha cabeça na hora, quando o telefone tocou. Só podia ser ele me explicando o porquê da demora e dizendo que já estava entrando aqui no estacionamento.
    Não era.

HOJE
    Lágrimas desciam tímidas pelo meu rosto e minhas mãos tremiam fechadas no meu colo. Quis ter força para pegar mais alguma coisa na caixa, mas a única coisa que consegui fazer foi fechar os olhos e respirar fundo relembrando a música que eu cantarolava naquele mesmo momento.
    Tentando fazer tudo ser como era antes daquele telefonema.

5 ANOS ANTES
    Não sei como cheguei no hospital. Se fui de táxi, de carona, a pé, correndo... Não sei o caminho que fiz, sequer lembrava o nome do hospital aonde eu estava.
    - Onde ele está? - Perguntei com a voz falhando, pálida e trêmula.
    - Sente, minha querida. - Ouvi seu pai falar com uma voz de choro e um sorriso fraco, enquanto abraçava a tia Lúcia, que chorava initerruptamente. Eu não me movi. - Os médicos não dizem nada... Ele está em cirurgia.
    Sem uma palavra fui atrás de alguém que me dicesse algo, mas antes que pudesse realmente sair do canto, o médico apareceu na minha frente.
    - Onde ele está? - Refiz a pergunta. Não confiei em mim mesma para dizer qualquer outra coisa.
    - Ele... - O doutos suspirou pesaroso, olhando para mim e para os pais do Arthur que estavam do meu lado - Desculpe. Fizemos o possível.
    Fiquei estática em meu lugar, olhando para o homem a minha frente. Ouvi vagamente um grito e muito choro atrás de mim, mas tudo parecia distânte demais. Sem que eu percebesse, o médico se aproximou mais um pouco de mim.
    - Isso estava com ele. - Me entregou uma caixinha de veludo púrpura e um pedaço de papel rabiscado.
    Abri a caixinha e vi o anel mais lindo do mundo. Era de prata, pequeno e delicado, no topo, um brilhante que mais parecia um floco de neve e quando tirei o anel da caixa, li a inscrição: minha pequena.
    - Sim... - sussurrei baixinho, colocando o anel em meu anelar esquerdo.
    Apesar de tudo, foi somente quando li o papel que saí do estado automático de dormência em que estava e fui capaz de expressar alguma emoção.

Ei gatinha,
Lice, sei que você vai rir quando souber que eu fiz isso só para a cápsula do tempo. Tudo que está escrito aqui eu vou dizer para você. Hoje é o dia em que eu vou te pedir em casamento (de verdade, dessa vez). Você já é minha desde sempre, mas quero poder gritar isso aos quatro ventos, quero que leve meu sobrenome no seu nome e o meu anel na sua mão esquerda. Quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Quero poder brigar com você quando você quiser dar nomes estranhos aos nossos filhos e fazer cena de ciúmes quando você fica falando de alguns atores e cantores (fala sério, Bon Jovi não está com nada perto de mim). Quero uma casa enorme, cachorros e um monte de mini-nós-dois correndo por todos os lados. Implicar com suas misturas estranhas de comidas e te beijar quando você reclamar que eu estou trabalhando demais. Eu estou tão apaixonado por você... Sabe, nós funcionamos na mesma frequência e você me vê melhor que ninguém e sabe do que eu gosto sem que eu precise dizer. Eu gosto da sua voz e do jeito como ela muda quando você está comigo ou falando de mim. Eu realmente gosto muito de você.
Quero te ter em meus braços quando dormir e quando acordar. Poder dizer "eu te amo" a hora que eu quiser, sequer precisando de palavras.
Mas mais do que tudo quero que a gente leia essa carta quando tivermos uns 50 anos de casados, ouvir sua risada e falar sobre como nós conseguimos conquistar nossos sonhos juntos. Vou te olhar nos olhos e dizer que te amo ainda mais, porque para mim, só poderia ser você.
Arthur.


HOJE
    Passei os dedos vacilantes pelo papel. Chorava como chorei na primeira vez que o li.
    Olhei para minha mão direita e pensei que não havia como sentir tanta dor quanto eu sentia, sabendo que depois de viver tudo isso eu estava com um anel que nem se compara com esse que eu segurava agora.
    Mas eu tinha que seguir em frente...

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Porque tem horas em que eu paro pra pensar que...


...Ás vezes acho que quero coisas demais
Quero coisas que não tem nome ou forma clara. Coisas sobre as quais só se ouve falar e falar baixinho. Sussurros rápidos para que ninguém veja.

O arrepio gostoso de tirar o tênis e encostar os pés desnudos no chão gelado. A sensação estranha de andar ouvindo música e fingir que é a trilha sonora de um filme qualquer onde somos protagonistas.
O sorriso ridículo quando alguém te liga e o aperto que dói tão fundo quanto a saudade quando desliga o telefone.
As crises de riso - sempre sem motivo aparente - com as melhores pessoas do mundo. As piadinhas internas que ninguém mais no mundo entenderia.
As lágrimas correndo sem controle enquanto você abraça o travesseiro sozinha. A cena que te faz encher os olhos d'água e as palavras que machucam fisicamente. O pedido de desculpas que o orgulho torna tão difícil de ser dito.
Aquela tristeza sem razão de ser que você sabe que precisa enfrentar mais cedo ou mais tarde.

Ás vezes acho que quero coisas demais.
Quero coisas que não tem nome ou forma clara. Coisas sobre as quais só se ouve falar e falar baixinho. Sussurros rápidos, para que ninguém veja.

Quero sentimentos. Todos eles. Os bons, os ruins e os mais ou menos também. Quero que despertem em mim como a fé nos desesperados, em sequência, um atrás do outro. Sem folga
Sem cansar jamais de sentir.
Mesmo que eles pareçam demais, ameaçando fazer em pedaçõs a minha frágil alma humana. Mesmo que eu esteja afogando, desesperada por ar, sem me deixar respirar. Porque só posso dormir depois de descobrir que a alma é deita de algo mais forte que o aço mais poderoso e que meu fôlego é maior do que eu acredito que seja.

Para os sentimentos de todas as naturezas, digo que o convite está a caminho e as portas estão abertas...
Venham quando quiserem, podem ficar para o jantar e passar a noite.
Afinal...
São meus convidados de honra.

É... ás vezes tenho certeza de que quero coisas demais.

"Qualquer coisa que se sinta. Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva..." Socorro - Arnaldo Antunes

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segunda-feira, 28 de março de 2011

Um canto, um conto

Gente! Vou inaugurar uma nova seção aqui, chamada "Um canto, um conto". Não serão necessariamente só contos, mas também crônicas e esses tipos textuais mais "curtos" (o "curtos" está entre aspas porque esse meu texto não é exatamente curto, mas deixa quieto).
Esse primeiro texto é meu e se chama "No País das Maravilhas", foi feito para o 1° Concurso Cultural de Dragões de Éter.



    E o mundo girou.
    O mundo dela, pelo menos.
    Para tentar encontrar o chão, fechou os olhos e perdeu totalmente a noção de espaço. Abrio-os novamente e o mundo girava duas vezes mais rápido.
Mãos fortes pegaram-na nos braços antes que ela fosse ao chão. Ou antes que o chão fosse até ela. Ou seria o céu? Tanto faz, porque ele a segurou e o mundo girou ainda mais rápido quando ela sentiu o perfume do jovem a envolver.
    - Alice, você está me escutando? O que está acontecendo?
    A voz distante dele fez o mundo girar ainda mais depress. E nesse caso, não seria o mundo dela o único afetado.
    - De Marco, solte-me! - Ela debilmente tentou encontrar as mãos que a seguravam, desistindo logo em seguida - Apenas me ajude a sentar - disse rendida à contragosto.
    Juan levou-a para um banco próximo. A essa hora o Centro Comercial de Arzallum estava quase vazio, exerto por alguns poucos vendedores que terminavam de arrumar suas coisas para irem para casa.
    Durante a meia hora seguinte, a menina apenas fitou o horizonte crepuscular com a leve brisa noturna lhe acariciando o rosto. O rapaz fez o mesmo que ela, entretanto dava constantes olhadelas preocupadas para o lado.
    E finalmente o mundo pareceu voltar ao lugar.
    - Você parece melhor.. - ele disse e, mesmo tendo sussurrado, no silêncio sua voz pareceu repentinamente alta.
    É... o mundo apenas parecia ter voltado aos eixos.
    - Eu estou bem. - Calou. Olhou para cima e depois para baixo e depois para o outro lado  então finalmente olhou nos olhos dele. - Obrigada. - E se levantou. E saiu andando, com a cabeça erguida.
    "Maldita!" Ele pensou, e quem poderia culpar um homem tomado de sentimentos conflitantes?
    Juan De Marco era o solteiro mais cobiçado de Adreanne, talvez até de Arzallum. Posso garantir que ele vivia bem e era absolutamente feliz com sua condição até a chegada dela.
    A mulher parecia bailar ao invés de andar, sorria abertamente para os pombos sujos do porto, como se visse uma beleza oculta nas penas cinzentas. O cabelo longo e castanho era esvoaçado pelo vento e os olhos eram de um castanho tão claro que parecia cor de mel.
    O jovem, como todo rapaz nessa idade, encantado pela garota nova, foi apresentar-se galante para a dama. Era uma stallina que falava o altivo com um sotaque marcado e transbordava essa postura etérea de quem já conheceu outros mundos, de quem já viveu outras vidas e ainda sorri em um simples pôr-do-sol.
    Alice Haizea era o nome da moça e o pobre Don Juan não recebeu muita atenção dela. Na verdade, o tempo inteiro ela parecia se encantar mais com as pedras geladas que lhe tocava os pés do que pelo rapaz. Mas só parecia, no fundo as pernas da menina começaram a bambear a partir do primeiro "Olá" rouco proferido por ele.
    Na despedida ambos já sabiam que estavam perdidos. Ele por aquela voz cantada, que traduzia uma luz interna impossível de apagar e os olhos que clareavam e escureciam. Ela pela voz rouca, o olhar apaixonante e o jeito charmoso, dignos de um Don Juan.
    Um Don Juan que parecia ter se apaixonado por uma garotinha teimosa, que não era a mais bela, a mais inteligênte ou a mais desejada, mas ainda assim era a única que fazia seu coração acelerar daquela maneira.
    Deixando a nostalgia de lado, o rapaz levantou-se irritado e foi para casa com  os pés batendo fortes, levantando terra seca por onde passava.
    Passada uma semana num joguinho infantil de gato e rato, ele a encontrou sentada sozinha no porto. Será que essa garota não entendia que o porto era perigoso durante a noite? Pelo Criador, algum marinheiro bêbado poderia machucá-la e...
    Disse a si mesmo para ir embora, mas suas pernas o levaram a se sentar do lado daqueles olhos, hoje quase preto nanquim.
    - Tive um sonho estranho, De Marco.
    - Porque não me chama de Juan, Alice?
    Ela o ignorou.
    - Era um mundo diferente... Digo, era igual. Haviam pessoas e tudo mais, mas eles viviam uma vida diferente. Não diferente como as pessoas do Oriente, mas.. era diferente. - Olhou nos olhos do moreno. - Isso faz algum sentido para você?
    - Diferente como?
    - Diferente apenas. - Revirou os olhos e sorriu ao ver a expressão ainda interrogativa dele. - Quase não haviam Reis e Rainhas e os que existem quase não tem poder algum. As pessoas pareciam estar sempre apressadas e atrasadas, como o coelho branco de uma história que se conta por lá.
    "Não existiam fadas, bruxas, semideuses, elfos, gigantes. E os locais onde moravam pareciam colméias gigantescas, retas e cinzentas."
    - Eles não tinham um Criador?
    - Tinham sim. Mas.. sabe o que é mais estranho? Existiam várias religiões! - Don Juan arregalou os olhos assustado. - Exatamente! E cada uma acreditava em um Criador, que era o mesmo, mas recebia tantos nomes... E eles não conseguiam perceber que tudo que nos aproxima do Criador, independente do nome que se dê a ele, é a amor e que no amor não existem guerras.
    - Espere. Eles guerreavam por causa do Criador?
    - EXATO! Cada um queria provar que seu ponto de vista era o mais correto e forçar todos a segui-lo - Ela deu uma risada daquelas gostosas. - Não te parece absurdo?
    - Mais do que absurdo. Parece completamente impossível!
    - Impossível, Juan? - Ele sentiu a mudança do seu nome e gostou de como soava na voz dela - Porque você perde a fé tão rápido? Quem te deu garantias de que nosso mundo é o único? Existem coisas que são fantásticas demais para serem inventadas, elas simplesmente existem. - Alice abraçou os joelhos e fitou o ponto onde o céu e o mar se unem. - Eu acredito. Acredito que existem outros mundos e que nós estamos todos ligados pelo éter.
    - Ligados pelo éter? Eles não acreditam em magia, eles não tem magia! Como podem ser elevado a algo tão sublime feito éter?
    - Rapaz, quando disse a você que eles não acreditavam em magia? Ou que não tinham magia? - Olhou-o interrogativa e voltou a mirar o ponto a sua frente. - Eles contam estrelas e a lua é a madrinha dos enamorados - Desviou da lua cheia que brilhava no céu acima de suas cabeças. - O riso das crianças é mais sublime que o próprio éter. Os jovens, assim como nós, amadurecem através da vida, tem conflitos e medos, lágrimas de dores intensas que parecem fazer o mundo desabar e as palavras esquecerem como rimar e sorrisos tão sinceros como os de uma criança no auge da pureza e inocência.
    "Os adultos lutam para conquistar o que sonhavam na rebeldia e liberdade adolescente e para manter a pureza necessária para amar em unidade com a firmeza exigida a partir de certa idade. Os idosos lutam para provar que ainda estão ali e que ainda são merecedores de viver, apenas porque estão vivos."
    "Os corações  de lá também fazem os olhos brilharem de alegria para depois fazerem os mesmos brilhares de lágrimas. Eles amam e nada, nada é mais mágico que o amor sincero."
    "E o mais importante de tudo... Eles sonham e acreditam em nós e em magia. Não todos, mas eles passam adiante. Eles... vendem sonhos para quem não sabe mais como viver as vinte e quatro horas completas do dia. Criam histórias que mudam vidas e a partir da palavra, falada ou escrita, eles mudam o mundo. Eles acreditam que podem fazê-lo."
    "Isso não parece mágico para você?"
    Ele não conseguiu olhar para ela, por medo ou vergonha. E ela se levantou para ir embora, como sempre fazia quando ambos se viam.
    Só que dessa vez seria diferente.
    Alice já estava a mais de cinco metros do local aonde tinham conversado quando sentiu seu braço ser puxado e seu corpo ser levado pela força da gravidade de encontro a outro corpo. Um corpo maior, com músculos, braços fortes e aquele maldito cheiro que arrepiava a pele.
    - Me deixe ir, De Marco. - Ela falou baixo, havia hesitação e dúvida no seu tom. Talvez isso tenha dado a ele a força necessária para continuar.
    - Não. - Ela o olhou de baixo para cima - Não antes de ouvir o que eu tenho para lhe dizer.
    - Pare com isso! Me deixe ir. E se eu não tiver interesse nenhum em ouvir o que voc...
    - Pare você, Haizea! - Ele a interrompeu com um grito frustrado. Ela não conseguiu dizer nada, então deitou a cabeça no peito arfante dele, fechando os olhos. Encostou o ouvido no local exato em que ouvia o bater desritmado do coração dele.
    - Eu amo você. Desde a primeira vez que te vi. Quis evitar seus olhos e não pude reagir, quis ignorar seu sorriso e me peguei encantado. Você entrou na minha vida como uma ¹ventania e tirou tudo do lugar. Eu cheguei a desejar que passasse. - Sentiu que ela travou a respiração. - Mas eu me acostumei com isso, com a bagunça. Descobri que gosto disso. Gosto muito. - E ela voltou a respirar normalmente. - Logo eu, Don Juan De Marco, o infalível conquistador!
    Ele riu alto.
    - Eu amo você, Alice Haizea. Eu amo você e quero poder te dizer isso todos os dias. Quero viver com você uma vida de magia, uma vida de emoções mais fáceis de serem sentidas que faladas. Quero você em qualquer mundo de éter. Porque no fundo não importa, o que importa, é que agora estamos aqui, sendo abençoados por uma lua cheia e com estrelas românticas de testemunhas, com nossos corações descompassados batendo como um só. A única coisa que importa é que se o melhor da vida é o sonho, esse aqui é o melhor deles.
    Alice não precisava de mais nada. Ela poderia também fazer um discurso bonito, um daqueles que traria lágrimas aos olhos de quem o ouvisse, mas havia uma vida inteira para palavras bonitas, mesmo que sinceras.
    Naquele momento ela simplesmente o beijou.

¹A palavra "Haizea", o sobrenome da Alice, significa "vento" em Basco. Fonte: Behind The Name
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domingo, 20 de março de 2011

Todas as coisas que te fazem ser quem é


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Um dia eu tinha certeza de que iria entender.
O que? Não sei ainda.
Então deixe-me reformular...
Um dia eu tinha certeza de que iria entender tudo, até o que eu não sei que devo entender.
Certo.. ainda está confuso.

Mas como disse uma amiga, se eu não fosse confusa, não seria eu.

Aliás, esse é um tópico interessante...

O que te faz ser você? O que te faz ser exatamente você e não qualquer outra pessoa no mundo? Deve ter algo que te faça ser especial para quem te ama e terrível para quem não gosta de você.
Uma vez estava pensando nisso após uma longa conversa no telefone. Uma amiga me dizia que queria mudar, porque era muito boba e qualquer coisa do tipo e só o que eu pensava é que ela não era tão boba quanto descrevia e que se ela não fosse daquele jeito.. Quem seria ela, afinal?
Não vou dizer que gosto de todo mundo ou que sou amiga de todos que aparecem na minha vida. Mas todos que são meus amigos o são porque tem algo de especial. Algo especial para mim, algo que pode não ser tão especial assim para outras pessoas.

O pior é que a resposta para as perguntas que eu fiz são variadas dependendo de quem as responde. Um amigo ou amiga que te conhece a seis anos vai te amar por motivos diferentes dos de amigos que te conhecem a quatro ou cinco meses. Seus pais te veem de um jeito diferente dos seus irmãos e te amam por motivos diferentes também.

O que me faz ser o que sou são todas as coisinhas especiais juntas. Todas as coisinhas que eu faço e nem percebo e provavelmente nunca vou perceber, mas que com certeza são coisas que as pessoas acham a minha cara. Porque é algo que me faz ser quem eu sou.

E você? O que te faz ser o que é...?

"Eu sei onde você se esconde, sozinha no seu carro, sei todas as coisas que fazem você ser quem é" - Maroon 5

Dia 6 -- 25 dias, 25 músicas

E ai, sis, reconhece essa música?
Não sei exatamente porque escolhi essa música, quando tem tantas outras que lembram minha melhor amiga. De alguma forma sempre acho essa música especial. Por todos os momentos que vivemos com ela e todos os que ainda vamos viver.
É uma música lindíssima.

"E, se a chuva cair, não vou parar! Qualquer tempestade tem fim!" Irmão Urso - Lá vou eu

sábado, 19 de março de 2011

Dia 5 -- 25 dias, 25 músicas

Bon Jovi é minha banda preferida. Eu acho, não gosto de confirmar, mas enfim.
Acabei baixando toda a discografia dele e até hoje ainda não ouvi todas as músicas. Descobri essa daí um dia quando coloquei o iPod no aleatório e me apaixonei por ela nos primeiros acordes.
A voz do Jon é fantástica e indiscritível, além de que combina perfeitamente com a voz do Richie, então quando os dois estão cantando, fica bastante agradável ao ouvido. E a música tem uma letra linda e um ritmo lindo.

"E estaria mentindo se não dissesse que quando você está assim tão perto, eu tenho medo. Do jeito que me sinto quando toco seu cabelo, do jeito que sentirei sua falta quando não estiver lá e do jeito que verei você quando fechar meus olhos" Bon Jovi - Open All Night

Dia 4 -- 25 dias, 25 músicas

Quão estranha é uma pessoa que escolhe como "música que te acalme", Metallica? Bem... tenho que dizer que não sou muito fã dos rocks pesados demais, com gritos e coisa e tal, mas essas músicas mais melodiosas deles.. Amo.
Enfim, não sei exatamente o porquê, mas essa música realmente me acalma. Gosto de ouvir ela para dormir. Não sei explicar, mas ela... ela envolve. A voz, o ritmo, a batida, de alguma forma tudo vai juntos com as batidas do meu coração e o ritmo da pulsação correndo por todo o corpo.


"Diga as palavras que eu quero ouvir, para fazer meus demônios fugirem" Metallica - The Unforgiven II

Nas estrelas


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Queria escrever sobre algo. Qualquer coisa. Sabe quando uma ansiedade sem nome vem se avolumando no peito e você não tem mais o que fazer, que não seja colocá-la para fora?
Eu sei. E se não soubesse provavelmente esse blog não existiria.

O escuro costuma assustar. A noite ou qualquer outra escuridão, momentos ruins são chamados de momentos "negros" de nossas vidas e coisa e tal.
Nós não temos medo do escuro. O escuro é exatamente igual ao claro, não faz diferença.
Nós temos medo do que não conhecemos. Temos medo do que o escuro pode esconder, ou do que possa se esconder lá.
Nós escuro nossos medos mais profundos, aqueles pensamentos que tentamos calar o dia inteiro, as inseguranças e tudo o mais que a vida diurna nos deixa imune, é liberado no escuro. É liberado a noite.
Provavelmente por isso que tantas pessoas odeiam o escuro. Provavelmente por isso que tantas pessoas o amam.

Com certeza o motivo pelo qual eu vivo por isso.

Quem é você quando coberto por máscaras de todos os tipos? Quais opiniões que você brada com fervor são suas e quantas são parte do que você ouviu e achou que parecia certo? Quem são os diferentes vocês que escapam do seu controle dependendo da pressão exercida neles?
Como saber quem você é, se você se protege do seu próprio rosto?

Quem você é?

Isso foi o que a noite me ensinou. Me ensinou a ver beleza num lugar onde instintos prevalecem sobre razão e não há disfarces para te protegerem de si mesmo.
Você aprender a lidar com o que vem, com o que vai, o que o que não virá e o que deveria vim.
Você aprende a se descobrir, aprende a chorar lágrimas que já deveriam ter secado e a sorrir sorrisos que são a energia para a luz das estrelas.

A escuridão não me assusta mais. Na verdade me acalma, como um manto protetor que envolve o corpo e me deixa ver que, de vez em quando, o desconhecido é melhor do que o descoberto, pois nele você precisa cavar fundo para descobrir o que vale a pena e ao fim desse percursso você já está entregue. Sempre.

"Eu nunca entenderei o significado do que é certo" Nightwish - Angels Fall First